NÃO É CONFRONTO, É MASSACRE
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RELATÓRIO DE MUNIÇÕES
Desde setembro de 2020 A Craco Resiste vem solicitando via Lei de Acesso à Informação, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana os números de munições ditas não letais utilizadas nas ações policiais realizada na região da Cracolândia, no Bairro da Luz, centro de São Paulo, com discriminação do valor, modelo e fabricante da munição menos letal utilizada.
O objetivo deste relatório é entender o quanto de munição é usada nas ações, mas também quanto é o gasto despendido pela Prefeitura de São Paulo para vulnerabilizar mais ainda os frequentadores da região em meio à pandemia.
Os números não levam em consideração os valores gastos com salários da Guarda, a gasolina das viaturas, revisão dos carros entre outros.
Estes números dão apenas um panorama do interesse da prefeitura, que está muito mais focada na tentativa de exterminar um povo, ao invés de assistí-lo durante a pandemia.
O objetivo deste relatório é entender o quanto de munição é usada nas ações, mas também quanto é o gasto despendido pela Prefeitura de São Paulo para vulnerabilizar mais ainda os frequentadores da região em meio à pandemia.
Os números não levam em consideração os valores gastos com salários da Guarda, a gasolina das viaturas, revisão dos carros entre outros.
Estes números dão apenas um panorama do interesse da prefeitura, que está muito mais focada na tentativa de exterminar um povo, ao invés de assistí-lo durante a pandemia.
BALA DE BORRACHA
Dentre as munições ditas menos letais empregadas pela Guarda Civil Metropolitana na região da Cracolândia, as balas de borracha foram as despendidas em maior quantidade entre setembro de 2020 e março de 2021. O modelo AM 403/PSR em questão é descrito pelo fabricante como um projétil de precisão e curto alcance. De acordo com o Guia de Uso de Armas Menos Letais na Aplicação da Lei divulgado pela ONU em junho de 2020, as chamadas munições de impacto controlado como os projéteis AM 403/PSR devem ser usadas somente na direção das pernas ou abaixo do abdômen. Conforme revelam as imagens do dossiê, os guardas civis em atuação na região da Cracolândia parecem não seguir as mesmas diretrizes, apontando frequentemente as armas carregadas na direção do rosto e do tórax de indivíduos sem qualquer possibilidade de defesa.
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GRANADA DE GÁS LACRIMOGÊNEO
As granadas de gás lacrimogêneo empregadas pela GCM na região da Cracolândia são do modelo GL 203/L - Carga Múltipla Lacrimogênea Quíntupla, segundo o fabricante, ideais para o uso em média e longa distância. Além da possibilidade de ferimentos graves pelo impacto dos projéteis lançados, os efeitos potencialmente letais da exposição a irritantes químicos como o gás lacrimogêneo vão desde a dificuldade para respirar até a asfixia e envenenamento químico, sobretudo no caso de idosos, gestantes e pessoas com doenças respiratórias. Em sua carta de posicionamento, a Omega Research Foundation afirma que tais riscos relacionados ao emprego de munições de carga química são potencializados na atual situação de pandemia do novo coronavírus, podendo agravar inflamações no sistema respiratório e aumentar as chances de contaminação. O gás lacrimogêneo e outros irritantes químicos, por isso, não devem ser usados em espaços confinados ou em que a possibilidade de dispersão do grupo de pessoas esteja bloqueada, o oposto do que mostram as imagens que compõem o dossiê.
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CUSTO DE MUNIÇÃO
Via Lei de Acesso à Informação, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana declarou o preço de R$ 31,32 por unidade de bala de borracha AM 403/PSR e de R$ 356,20 por unidade de granada de gás lacrimogêneo GL 203/L, ambas produzidas e fornecidas à secretaria pela Condor S.A. Indústria Química. Somando as balas de borracha e granadas despendidas pela GCM na região da Cracolândia, o custo atingiu R$ 14.201,28 em um único dia. Se considerado o intervalo entre setembro de 2020 e março de 2021, o saldo total de munições convertido em dinheiro corresponde a pelo menos R$ 60.247,12 que, de acordo com os dados orçamentários da própria prefeitura, possibilitaria a distribuição de mais de 6 mil refeições durante o período da pandemia.
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